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Rússia registra a primeira vacina contra Covid-19 do mundo, anuncia Putin
O Ministério da Saúde da Rússia concedeu a aprovação regulatória para a primeira vacina contra Covid-19 do mundo, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Moscou, após menos de dois meses de testes em humanos. O anúncio foi feito nesta terça-feira (11) pelo presidente do país, Vladimir Putin.
Falando ao vivo por teleconferência com os ministros do seu gabinete, ele disse que a substância passou por todos os controles necessários, e espera que a Rússia comece em breve a produção em massa da vacina.
Putin afirmou também que uma de suas filhas já recebeu uma dose da substância. Ela chegou a apresentar temperatura levemente elevada, mas agora se sente melhor, informou o mandatário.
Segundo Mikhail Murashko, ministro da Saúde do país, a vacina mostrou eficácia e segurança. Com isso, a pasta prepara uma campanha de vacinação em massa a partir de outubro, quando os testes clínicos desenvolvidos pelo governo estiverem concluídos. Os primeiros a serem imunizados serão os profissionais da saúde e idosos, e todos os custos do medicamento serão cobertos pelo estado.
planeja produzir vacinas a partir de setembro
De acordo com uma fonte do governo russo, a base da vacina é um adenovírus, com partes do Sars-Cov2 (causador da Covid-19) para induzir a imunização.
Na sexta-feira (7), o governo russo anunciou que registraria nesta semana a substância, cujo desenvolvimento é financiado pelo Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF), fundo soberano do país.
Testes clínicos
À CNN, o secretário de imprensa do RDIF, Arseny Palagin, explicou que a partir do momento que a vacina for registrada, ela poderá ser aplicada em médicos e integrantes de grupos de risco. "Se ela comprovar sua eficácia em grandes grupos de pessoas, depois já poderá ser usada para a vacinação em massa", disse.
A eficácia da vacina do Instituto Gamaleya será testada por meio de ensaios clínicos que acontecerão ao mesmo tempo que essa primeira etapa de vacinação.
Os testes clínicos da vacina começaram na Universidade Sechenov em 18 de junho. Um estudo preliminar envolvendo 38 voluntários mostrou que o imunizante pode ser seguro e eficiente — todos que receberam a vacina desenvolveram imunidade à infecção.
De acordo com a agência notícias estatal RIA Novosti, o diretor do Instituto Gamaleya, Alexander Gintsburg, alertou para o fato de que a vacina contra a Covid-19 pode não ser adequada para todas as pessoas.
Preocupações
O desenvolvimento acelerado da vacina russa preocupa especialistas, além de despertar dúvidas sobre a segurança, eficácia e a possível supressão de etapas essenciais no desenvolvimento. Até o momento, a Rússia não divulgou dados científicos sobre os testes de sua vacina.
Para o ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina Neto, é preciso calma com as notícias sobre as vacinas contra a Covid-19. "Os russos provavelmente estão queimando algumas etapas. Uma vacina, para ser colocada à disposição da população, tem que demonstrar que é segura. Vacina não é como um remédio que você dá a um doente, você dá para quem não tem doença. É inadmissível que cause alguma doença", disse.
O vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Jarbas Barbosa, afirmou que está nas mãos das agências reguladoras deixar os processos transparentes. “A melhor vacina contra isso é a transparência.”
“É um risco que deve ser evitado garantindo que os aspectos regulatórios sejam cumpridos. Vacina precisa ter comprovação técnica de segurança. Todas as agências reguladoras devem fazer processos transparentes, públicos e rápidos, mas com rigor e qualidade. Vacina sem transparência não vale”, disse Jarbas.
O governo russo diz, no entanto, que os dados científicos estão sendo compilados e serão disponibilizados para revisão por cientistas e publicação ainda no começo de agosto.
Críticos também afirmam que os esforços de Moscou para desenvolver uma vacina ocorrem em meio à pressão política do Kremlin, que pretende mostrar que o país é uma força científica global.
A Rússia tem 890,7 mil casos do novo coronavírus e 14,9 mil mortes, de acordo com informações da Universidade de Medicina Johns Hopkins. Nesta terça, o país reportou 4.945 novos casos e 130 mortes em apenas 24 horas.
Mais de 100 vacinas contra a doença estão sendo desenvolvidas no mundo. Ao menos quatro delas estão na fase final de testes. Uma é britânica, a chamada vacina de Oxford, e as demais são chinesas, entre elas a Coronavac. Ambas estão sendo testadas no Brasil.
Divulgação Barra News - Reportagem CNN Brasil
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