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Pressionado politicamente, Erdogan irrita cristãos e seculares ao converter prédio após 85 anos
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou nesta sexta-feira (10) a abertura da antiga basílica de Santa Sofia, também conhecida como Hagia Sophia, para orações muçulmanas depois que um tribunal abriu o caminho para sua transformação em mesquita, anulando seu atual status de museu.
O Conselho de Estado, o mais alto tribunal administrativo da Turquia, aceitou o pedido de várias associações, revogando uma decisão do governo de 1934 que concedia à Hagia Sophia o status de museu.
“O tribunal decide revogar a decisão do conselho de ministros que é objeto deste pedido”, afirmou a corte.
Mais tarde o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que as primeiras orações coletivas muçulmanas na nova mesquita serão realizadas no dia 24 de julho, mas que o local permanecerá aberto a visitantes de todas as religiões.
“Faremos juntos as orações de sexta-feira em Hagia Sophia no dia 24 de julho e, portanto, será aberta aos cultos”, disse Erdogan em um discurso.
Ele acrescentou que a antiga basílica, uma das principais atrações turísticas de Istambul, “permanecerá aberta a todos, turcos e estrangeiros, muçulmanos e não muçulmanos”.
Importante obra arquitetônica construída no século VI pelos bizantinos que ali coroaram seus imperadores, Hagia Sophia é um Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e uma das principais atrações turísticas de Istambul. Em 2019, recebeu cerca de 3,8 milhões de visitantes.
Convertida em mesquita após a tomada de Constantinopla pelos otomanos em 1453, foi transformada em museu em 1934 pelo líder da então jovem República turca, Mustafa Kemal, ansioso por “oferecê-la à humanidade”.
Seu status, porém, é regularmente alvo de polêmicas. Desde 2005, várias associações levaram a questão à Justiça para exigir um retorno ao status de mesquita.
A Unesco informou lamentar profundamente a decisão das autoridades turcas de modificar o estatuto do museu sem um “diálogo prévio”, segundo comentou nesta sexta a diretora da organização, Audrey Azoulay.
“A Unesco lamenta profundamente a decisão das autoridades turcas, adotada sem diálogo prévio, de modificar o status de Santa Sofia”, disse Azoulay em comunicado, pouco depois do presidente turco, fazer o anúncio sobre a abertura.
Vários países, principalmente Rússia e Grécia, que acompanham de perto o destino do patrimônio bizantino na Turquia, assim como Estados Unidos e França, alertaram Ancara contra a transformação de Hagia Sophia em um local de culto muçulmano, medida pela qual o presidente conservador Erdogan faz campanha há anos.
Pouco antes do anúncio da decisão, a Unesco disse que estava “preocupada” com o destino da antiga basílica e pediu à Turquia para dialogar antes de qualquer medida que possa “minar” o “valor universal” deste monumento.
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